12 de jun. de 2015

Diversão Sem Fim.



Era dia dos namorados. Eu e Erick estávamos andando sem preocupações em uma rua perto da minha casa, o dia tinha sido cheio. Nos divertimos e rimos a beça, porém sempre tive a estranha sensação de estar sendo observada.

Ele me levou a um parque de diversões muito chamativo a poucos quilômetros da casa dele. Fui animada, pois lá havia uma grande roda gigante com suas luzes coloridas, ao lado havia um carrossel de madeira velho, parecia ter sido passado por várias gerações de crianças. O mais estranho era um palhaço, ele ficava administrando a entrada no carrossel, ele ria de um jeito assustador e dizia as mesmas palavras: “A diversão não tem fim.”. Sua maquiagem era pesada e suas roupas esfarrapadas, ignorei a sensação. Não estragaria o perfeito dia.

As ruas estavam bem movimentadas, os casais passavam por nós esboçando um grande sorriso de satisfação por serem amados. Trocavam caricias, andavam de mãos dadas… Erick parecia um pouco tenso, não fazia muito tempo que estávamos juntos, apenas três meses. As vezes penso que ele é um completo desconhecido.

Fomos nos aprofundando no bairro, menos e menos pessoas, até chegarmos em uma parte completamente ‘inabitável’. Só tinham comércios, e que naquelas horas estavam todos fechados. Um vento frio percorreu pela minha espinha e novamente aquele sentimento de estar sendo observada ataca.

—Amor… Estou um pouco cansada.

Olhei para ele, Erick continuava com os olhos fixos na rua, parecia nem me ouvir. Nossas mãos estavam unidas, mas só eu estava segurando. Ele apenas andava com os olhos ofuscados.

—Erick? Você está bem? —balancei minhas mãos na frente do seu rosto e ele despertou lançando um sorriso assustado. —O que aconteceu? Está se sentindo bem? Podemos parar se você quiser.

Dei um passo para frente e ele me abraçou murmurando desculpas. Erick parecia um pouco mal, estava ficando preocupada.

—Podemos parar um pouco? Já faz um tempo que estamos andando, —fitei a rua enquanto ele se sentava na soleira de uma padaria. —se ao menos passasse um ônibus por aqui…

—Você se preocupa demais, amor. —ele sorriu voltando ao normal, novamente sinto o frio na espinha.

—Me preocupo muito com você, bobinho. Você é muito precioso pra mim e não admito que eu me deixe fazer algo de mal pra você.

Eu paro em sua frente e sorrio… O silêncio é um tanto perturbador, ele apenas sorri roboticamente. Parecia meio avoado.

—Terra chamando Erick, terra chamando Erick. Alguém na escuta? —tampei o nariz fazendo uma voz esganiçada e como previsto ele soltou sua risada gozada se encostando na porta de ferro.

Parei por um momento sentindo como se alguém estivesse atrás de mim, olhei para o chão sem mover nenhum membro, não havia nenhuma sombra além da minha. Mirei meus olhos com muita atenção para Erick em minha frente, ele estava com os seus olhos azuis esbugalhados olhando para mim, completamente imóvel.

No momento vi uma sombra atrás dele e no momento seguinte vi apenas o escuro, um escuro penetrante.

Acordei em uma sala branca, um zunido como a de um enxame de abelhas estivesse em minha cabeça. Apertei o meu crânio na expectativa de que ele cessasse.

Meus olhos se focaram na figura a minha frente, Erick estava lá, jogado no chão, mas não parecia estar ferido. Engatinhei até ele e ele despertou em um pulo após sentir minha mão em seu rosto.

Olhei para cima, lá haviam dois holofotes em cantos paralelos das paredes, ambos focados para baixo. Erick gemeu um pouco com a luz forte vindo diretamente em seus olhos.

Retirei o meu casaco e senti um frio arrepiar completamente meus pelos dos braços até meus fios de cabelo, mas não me importei e coloquei em sua cabeça, como um boné.

Olhei para os lados procurando uma porta, janela, tubulação de ar… Nada. Absolutamente nada, apenas o branco. Antes havia somente o escuro, agora somente a luz.

Erick parecia abalado, um pouco desnorteado. Fiquei em pé, com alguns pulinhos conseguia tocar o teto, aquilo era estranho, haviam frestas ao redor do teto, como se ele não fosse de concreto.

Tateei meus bolsos, nenhum pertence havia sumido. Peguei meu celular e tentei ligar para a policia, mas não havia sinal e minha bateria estava na metade.

—Erick? Me ajude a encontrar uma saída.

Olhei pra ele e senti um frio insuportável, parecia que haviam ligado o ar-condicionado no botão ‘frio-polo norte’. Tremia mais e mais, Erick parecia nem se importar já que estava usando o meu casaco também. Ele olhava para mim como quem olhava um mendigo em baixo de um viaduto.

Me encolhi em um canto esperando que o mesmo se tocasse e devolvesse meu casaco, meu lábios se racham e minhas pernas endureciam, mas Erick não se mexia apenas me olhava.

Hora parecia um freezer aberto com um barulho estranho e então este barulho sessou e então um barulho parecido com um microondas começou.

Calor, agora começava a aquecer e eu me sentia dentro de um forno. Não era um calor queimante e sim um calor abafado, como vapor quente d’água.

Erick jogou meu moletom longe e começou a se despir silenciosamente. Me levantei e também me despi com vergonha, a primeira vez que ficava nua na frente de alguém. Estava me guardando para a pessoa certa. Estava me guardando para Erick.

Fiquei apenas com as minhas peças intimas e comecei a andar de um lado para o outro me abanando. Ele se encostou em um canto e sorriu aliviado, parecia ter encontrado uma fresta com ar frio.

—Hey, me deixa ficar um pouco ai.

Meus pés estavam queimando como se estivesse pisando em brasa.

Cheguei perto dele e senti o ar frio, Erick lançou um olhar amedrontador e me empurrou para longe, como se eu fosse roubar algo. Cai no chão quente sentindo minha pele ficar colada no chão. Urrei de dor como um animal sendo abatido.

Doía tanto que eu não conseguia nem respirar, Erick não me ajudava de jeito nenhum, apenas me olhava.

—Me ajuda seu filho da puta! Me ajuda!! Dói! —as lágrimas corriam desesperadamente, minha carne queimava e eu sentia o cheiro invadir minha narinas secas pelo calor.

Meu corpo não havia se adaptado com a mudanças de temperatura… Minha cabeça doía tanto que parecia que havia um peso em cima dela.

O escuro novamente invadiu minha mente.

—Ele assistiu a sua dor e não se mobilizou, ele assistiu seu desespero e fez pouco caso de ti. Te olhou com desprezo.... Ele merece o seu amor? O quão digno alguém deve ser para merecer o seu amor? O quê é amor? Muitos dizem, —uma estranha entonação de voz surge— ‘eu te amo’ em vão, como um ‘bom dia’ dito a um estranho pela manhã. Muitos fazem o ‘amor’ de objeto e querem adquiri-lo para apenas usarem quando quiserem. As pessoas são apenas gigolôs e falsos amantes, não é mesmo Erick?

Um holofote se acende e Erick está em minha frente amarrado em uma cadeira, sua boca estava amarrada com um pano, ele parecia gritar, queria que eu o ajudasse.

Meu rosto não doía mais, a carne não queimava mais, o frio não congelava meu corpo mais. Apenas meu peito doía em arrependimento, em amargura. Ele não se importava comigo, ele não me amava realmente, havia assistido tudo e nem se quer se mexeu, apenas me olhava com seus olhos grandes e azuis.

Eu estava com raiva e olhava o fuzilando com os olhos.

—Sei como se sente, está com raiva, não é? Seu peito está em chamas consumido por ódio. Ele precisa ser punido, não é? Um namorado não faria isto com sua amada. Ele não merece sentir o amor. Ele não merece sentir o amor. —a voz era irreconhecível, unissex. Apenas continuava a repetir a mesma frase, sempre a mesma frase.

Erick olhava pra cima apavorado, decidi olhar também. O teto havia sumido, e no lugar dele só tinha o escuro. Um imenso escuro acima… Ele parecia enxergar algo, mas ignorei.

—Filho da puta paranoico… — disse entre os dentes enquanto fechava o meu punho o meu forte o possível. —Vá para o inferno… Vá se fuder no inferno…

Um holofote iluminou uma mesa, havia vários instrumentos cirúrgicos. Tais como: Agulhas, bisturis, tesouras, afastadores, pinças… Nada que fosse desconhecido para mim, enfermeira recém formada. Sorri maliciosamente observando os mesmos.

Estava vestida apenas com minhas peças intimas, vestidas especialmente para a ocasião em que finalmente ‘nos tornaríamos um só’ ou ‘selaríamos nosso amor’. Um nojo repulsivo cresceu em meu peito juntamente com o ódio.

—Vamos lá. Ele não merece sentir o amor mais puro e verdadeiro. —uma risada irônica esganiçada ecoou pelo quarto e logo em seguida um tom infantil. —Não merece, não merece.

Me senti mais encorajada para o ato seguinte. Peguei o bisturi de corte seis e parti com passos pesados pesados em direção dele. Ele estava apenas com sua cueca —agora molhada de urina que escorria pela cadeira—, respirava rapidamente e abria mais e mais os seus olhos…

Sorri de relance me sentando sem seu colo sem me importar com o molhado.

—Está assutado? Não sou a sua namoradinha? Bem… —passei o bisturi pelo seu peito semi-malhado fazendo um fino corte até chegar em seu mamilo esquerdo. —Está doendo, né? Vamos lá, você pode aguentar mais um pouco…

De repente me lembrei de uma cena há poucas horas atrás… Estávamos na fila dos ingressos e ele não parava de olhar para uma garota, senti ciúmes, é claro. Ela era bonita com um corpo avantajado e cabelos loiros… Ele a encarava sem parar, em um momento soltou a minha mão e lambeu os seus lábios morrendo de tesão. Ignorei com toda a minha força aquele fato, mas só agora pude entender. Pensei que estava a olhar os cachorros-quentes na barraquinha, e babava de fome. Até ri disso e ele sínico confirmou.

Minutos depois falou que ia comprar pipoca do outro lado do parque e foi todo animado, pensei eu que era a fome falando mais alto. Trouxa, com certeza tinha ido ‘dar uma rapidinha’ com a lora. Voltou todo feliz e não vi mais ela…

—Me diga a verdade e eu pouparei seu membro ereto e molhado de urina abaixo de mim. —o encarei penetrando meu olhar dentro de seus olhos. —O quê realmente foi fazer quando disse que ia comprar pipoca?

Queria confirmar a traição então retirei o pano de sua boca e então ele ameaçou a gritar. Então coloquei meu bisturi na extremidade de seu lábio ameaçando rasgar sua bochecha de orelha a orelha.

—Diga!! —dei um tapa em sua cara e ele abaixou a a cabeça mirando meus seios.

Me enchi com mais raiva ainda. Talhei seu rosto com um corte profundo. Ele gritou de dor e chorava feito uma criança.

—Isso não se compara ao que eu senti há poucos minutos… —cuspi no talho e ri diabolicamente. —Diga logo filho da puta.

—A-a-a l-l-loira… —ele levantou a cabeça tremendo e chorando. —Ela pediu! Eu juro! Ela implorou de joelhos... Eu não pude negar, me desculpe, amor…

Analisei a situação e com a voz doce e inocente respondi:

—Claro, amor… —Erick me olhou esperançoso, como se eu tivesse o perdoado. —Você vai ficar de joelhos também.

Sai de seu colo de me ajoelhei em sua frente encarando suas pernas peludas e logo o seu joelho, sua patela me parecia atrativa e convidativa. Em um ato cortei seu nervo e com forca arranquei o osso o desprendendo dos outros nervos. Ele gritou e se debateu, o sangue grosso jorrava me sujando. Eu sorria e a voz misteriosa gargalhava, gargalhava como uma criança.

Fiz o mesmo com o outro joelho e agora Erick estava quase inconsciente. Tinha que ser rápida e então o desamarrei e o coloquei de joelhos em minha frente. Seu corpo estava mole e seus olhos ofuscados. O sangue banhava meu corpo branco e o odor era insuportável.

—Vamos, lá com ela não estava gostoso? Vamos, ela não pegou no seu ‘pênis’, se você pode chamar isso de um membro. —olhei para o local e abaixei sua ultima peça de roupa e examinei. —Como ela pode ficar satisfeita com isso?

Ri alto e sem ele perceber cortei seu membro pulsante e ele caiu, sua pulsação estava parando então coloquei o membro decepado em sua boca antes de ele finalmente morrer.

Gargalhei satisfeita me jogando no chão, fazendo um anjo de sangue. A voz ria, gargalhava como uma criança. Gargalhava como um palhaço.

Em um flash me lembrei de ter visto aquele palhaço horroroso na avenida, logo depois no beco e em seguida na rua de comércios. Ele estava presente em todos os momentos. Ele me observava…

—A brincadeira não tem fim, crianças...


~DarkLipstick

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