Segundo
capítulo: Uma segunda chance (parte II).
A
viagem começou bem. Depois de algumas horas, pousaram numa clareira.
As árvores em volta formavam sombras medonhas no chão, e a lua
cheia aparecia no céu estrelado com uma aura vermelha ao seu redor.
Os viajantes estavam sentados em volta de uma fogueira, assando marshmallows, depois de um jantar mais ou menos nutritivo.
-Isso
me lembra um acampamento de verão. -Comentou Alyson, espetando um marshmallow em seu graveto.
Cloe
a fitou por uns instantes e jogou um pedaço do seu doce para um
esquilo que ousava chegar mais perto. -Lembra mesmo.
-Nunca
gostei muito deles. -Confessou a garota, dando um suspiro. -Cercada
de imbecis, no meio de uma floresta, sem nada de muito interessante
para fazer. Um tédio total e perpétuo.
-Alyson
Valoem entediada? Achei que não viveria para ver isso. Para falar a
verdade, nem imaginava que um dia você foi para um acampamento. Não
é muito a sua cara. -Comentou Ken.
-Acredite,
não é mesmo.
O
esquilo que há poucos minutos estava devorando um pedaço de marshmallow, largou o doce e fugiu.
-O
que será que deu nele? -Perguntou Sacha, sem o mínimo interesse.
-Sei
lá. Estava quieto ainda há pouco. -Foi a resposta de Cloe, mas
dirigida a ela mesma do que à Sacha.
-Creio
que não se deve esperar muito de animais selvagens. Quando a
natureza os chama, eles vão. -Ken explicou, antes de morder um marshmallow.
Alyson,
que não estava prestando nenhuma atenção na conversa sobre os
animais selvagens, se sobressaltou com um som de galhos quebrando
atrás de si.
Ken
notou o movimento e perguntou: -O que foi?
-Escutou
algo?
-Não.
Só o vento batendo nas árvores.
-E
o crepitar da fogueira. -Completou Sacha.
Cloe
despertou do seu devaneio e virou-se para a amiga. -Ouvi. Alguma
coisa está se aproximando. Parece...
-Alguém
caminhando dentro da floresta. -Completou a outra, levantando-se.
-Vocês
têm certeza? -Ken parecia estar bem preocupado.
-Absoluta.
Não conseguem ouvir?
-Está
se aproximando. Devagar, mas está. -Prosseguiu Cloe.
-Em
todo caso, não é melhor nós entrarmos no hidroavião? -Sacha
perguntou, se escondendo atrás de Cloe. Parecia ter saído de dentro
de um túmulo, de tão pálida.
-Até
que enfim você tem uma boa idéia. -Implicou Alyson, apagando a
fogueira e entrando junto com os outros no hidroavião.
-Estão
cientes que isso é um exagero, não estão? -Retrucou Ken, sentando
na cadeira do piloto e cruzando os braços.
-Melhor
prevenir do que remediar. -Alyson explicou.
-Sabe
também que, seja o que for, podemos muito bem enfrentá-lo.
-Podemos
resolver isso com a luz do sol. Não vamos abusar da sorte, é
preferível ficar uma noite de vigia do que se arriscar a se meter em
uma enrascada.
-Ok,
eu desisto. Mas se algo resolver nos atacar, vou pessoalmente ter uma
conversinha com ele.
-Esfria
a cabeça, Ken, pode ser só um animal. E vamos ficar de vigia.
-Tranquilizou a garota. -Quem de nós vai ficar com o primeiro turno?
-Eu
fico. Vou te acordar daqui a três horas. -Disse Cloe.
-Ótimo,
boa noite. -A garota cobriu-se com uma capa, sentou-se em seu banco e
jogou o capuz sobre a cabeça. Kensuke se aconchegou no banco do
piloto e logo caiu em um sono conturbado. Sacha se espreguiçou,
reclamando algo sobre aqueles bancos serem impróprios para se
dormir, mas acabou por adormecer. Cloe tamborilou os dedos no braço
de seu banco, nervosamente, e se preparou para vigiar.
A
noite passou sem mais preocupações. A não ser o som que Cloe, e
três horas depois Alyson, voltaram a escutar, tudo ao redor parecia
estar dormindo, e a manhã começou com uma estranha calma no ar.
-Então,
nada? -Questionou Alyson de manhã, colocando a mão nos ombros de
Ken.
-Absolutamente
nada. -Respondeu ele, de mau humor.
-Vai
ficar emburrado por causa disso o dia inteiro?
-Não
é alguém andando no meio da mata que está me incomodando.
-Ou
um animal... Não sei dizer ao certo. Mas afinal de contas por que
você está assim?
Ele
deu de ombros e abaixou a cabeça, deixando a franja loira cobrir
momentaneamente os seus olhos: -Estou com um mau pressentimento. E
quando estou assim acontecem coisas ruins.
O
garoto mal terminou de falar e um grande tremor de terra abalou o
local, fazendo voar areia e folhas mortas para todo lugar. Quando a
matéria morta se assentou, os dois puderam ver uma pessoa encapuzada
e de capa negra, parada a alguns centímetros do hidroavião.
-É...
Isso não parece bom. -Comentou a jovem, fitando o desconhecido e
olhando em seguida para Ken.
-Não
parece mesmo. Acho que encontramos a pessoa que estava andando na
floresta ontem. –Ele comentou, sem se abalar.
-O
que você sugere?
-Vamos
ver o que ele quer. Mas é bom ficarmos em alerta.
-Não
tem nada melhor em mente?
-Sinceramente...
Não.
Ela
olhou para cima aflita, mas acabou seguindo o rapaz para fora do
hidroavião. Em instantes eles e o desconhecido estavam frente a
frente, encarando-se. Os dois estavam prontos para atacar se o
visitante desse um passo em falso. Não podiam ver seu rosto,
encoberto pela sombra do capuz, mas seus olhos emanavam uma luz
amarela forte, tendo a retina riscada, como um gato. A jovem não
pensou duas vezes e logo se concentrou para se transformar em
meio-gata. Ken puxou a espada que estava atada em suas costas e
entrou numa posição de defesa. O estranho nem se mexeu. Seus olhos
amarelos vivos encontraram-se com os olhos esverdeados e atentos de
uma Alyson transformada e logo se apagaram.
-Quem
é você? -Perguntou Ken calmamente.
-Alguém
que está aqui para ajudar.
-Isso
não diz muito. -Comentou Alyson. -O que quer?
-Eu
já disse. -Respondeu a voz masculina, tranquilamente.
-Creio
que sabe que não vamos nos conformar com essas meias explicações,
o que significa que se você não abrir a boca para dizer algo que
faça sentido as conseqüências podem ser desastrosas. -Retrucou
Ken.
O
desconhecido ficou silencioso por alguns momentos e, finalmente,
perguntou: -E como exatamente vocês vão me forçar a falar?
-Já
que o diálogo nem sempre funciona... -Ia dizendo Ken a garota, antes
de pular e atacar o desconhecido com um golpe certeiro... Que, por
incrível que pareça, não atingiu nada além do chão de terra
fofa. Ele olhou para trás bem a tempo de desviar de um chute do
rival. O estranho usou sua rapidez estupenda para desarmar o rapaz,
acertando o pulso de Ken com um chute sem, porém, machucá-lo
seriamente. Ouviu-se o barulho de ferro batendo no chão e Ken
percebeu, com desgosto, que sua espada tinha voado longe, e estava
fora de alcance naquelas condições.
-Eu
adoraria travar um duelo mais demorado com você, jovem espadachim,
mas o tempo urge. E já disse que não quero o seu mau.
Antes
que o rapaz pudesse revidar, seus pés e pulsos se juntaram, como se
estivessem sendo amarrados por grossas cordas. Passado o momento de
surpresa, Ken tentou se soltar. Novamente em vão. Até parecia que
seus pulsos e suas pernas não o obedeciam.
Foi
a vez de Alyson entrar em ação. Ela saltou bem atrás do rival, deu
um rodopio com a mão no chão e acertou um chute bem na boca do
estômago do estranho. Pego de surpresa, este cambaleou. Ela
aproveitou a sua vertigem e se aproximou para dar um golpe. Não teve
tanta sorte dessa vez. Ele se recuperou rápido, e impediu o gancho
de direita com uma das mãos. A garota fez uma cara de frustrada
quando o golpe falhou. Tinha sido lerda demais, dizia a si mesma. Tão
lerda que ainda deu tempo do inimigo segurar seu punho com a mão
direita. Ele levantou-a facilmente, apenas pela mão, a alguns poucos
centímetros do solo.
Alyson
tentou mais uma vez. O máximo que conseguiu foi ter a sua outra mão
presa pelo homem. Ele soltou uma gostosa gargalhada e disse,
aparentemente de bom humor: -Vejo que é perseverante, tampinha. É
você mesma que eu vim ver. Agora se pararem de tentar me matar eu
ficaria muito grato mesmo. Não vim de Diamond
para ser desfiado pelas pessoas que tenho de zelar, e, se ainda
ignoram, feiticeiros também se cansam.
-Feiticeiro???
-Disseram Ken e Alyson, em uníssono.
-É,
acho que foi o que eu disse sim. Querem que eu desenhe?
Os
outros dois olharam-se perplexos. -Não.
-Que
bom. É, eu sou um feiticeiro. Meu nome é Crós. Crós Salem
Shadownhite. É um prazer conhecê-los. -Apresentou-se ele, fazendo
um leve movimento com a cabeça sem, contudo, tirar a capa ou mostrar
o rosto.
Os
pulsos de Kensuke se soltaram imediatamente. Crós também soltou as
mãos de Alyson
que
se estatelou de bunda no chão. Ela olhou constrangida para o aliado
que, sem saber, tinha tentado destroçar.
-O
que você veio fazer aqui afinal… Crós? -Perguntou Ken, pegando
sua espada e fitando o feiticeiro.
-A
principio apenas acompanhá-los. A não ser, é claro, que acabem se
metendo em confusão. Nesse caso teria um enorme prazer em lutar ao
vosso lado.
-Quem
lhe garante que eu vou me meter em confusão? -Rebateu a jovem,
franzindo as sobrancelhas.
Ken
e Crós, num momento de cumplicidade, coçaram as cabeças. Nem é
preciso dizer que Alyson ficou vermelha como um tomate (sem saber ao
certo se de vergonha ou de raiva).
A
porta do hidroavião se escancarou e Cloe surgiu, arrumando os
cabelos. Olhou para os dois amigos e exclamou: -Há-há, vocês estão
aí. Não é melhor irmos logo, vamos acabar chegando tarde... -Ela
viu Crós e parou:- Quem é você?
-Ele
é o Crós... A gente explica depois. –Declarou Ken.
Alyson
o fitou, aparentemente chocada.
-O
que foi?
-Nada,
só a sua facilidade de concordar com as coisas de vez em quando me
deixa abismada. –Ela exclamou.
-Se
ele quisesse nos matar já teria feito isso. Agora, podemos ir?
-Ok,
ok. Vamos.
A
jovem passou as mãos pelos cabelos castanhos. Ela tinha a pele
morena, e olhos castanhos avermelhados. Suspirou. Estava preocupada.
O bip-bip insistente do comunicador a despertou da sua abstração.
Pensou em tacar aquela coisa, que parecia mais uma caixinha de
pó-de-arroz, preta com um dragão vermelho decalcado na parte de
cima, longe... Mas resolveu atender. Abriu o comunicador e avistou a
figura já conhecida na pequena tela. –Iris falando.
-Oi,
Iris. A garota já chegou?
Iris
suspirou e fitou a tela aturdida: -Sinto dizer, senhor... Mas não,
ainda não.
-Sabe
que não precisa me chamar de senhor o tempo todo, não é?
Silêncio.
-Tá,
se tiver notícias da garota entre em contato.
-Sim
senhor. –Ela respondeu, e fechou o comunicador, encerrando a
conversa. Deixou-se afundar na poltrona macia, e seu rosto se nublou.
A verdade é que sentia muita saudade dele. Não admitia, mas no
fundo sabia que aquela distância estava matando-a, aos poucos. Mal
podia imaginar que se separariam mais ainda.
A
noite desceu, e encontrou o hidroavião ainda no céu. Ken já estava
morrendo de sono, e não havia nenhum lago, baía ou qualquer lugar
em que pudesse pousar. Foi com extrema cautela que Crós chegou perto
e perguntou, solícito: -Quer que eu pilote?
Em
outras circunstâncias Ken diria não. Ele tinha deixado Crós vir
com eles, mais não queria dizer que confiasse plenamente nele. Porém
os seus olhos estavam pesados, ele estava muito cansado, e é preciso
estar bem acordado para pilotar um veiculo aéreo. 1º porque caso
tenha uma montanha no caminho, precisa-se de muita concentração
para não bater nela. E 2º, caso ele bata na montanha, além da
possibilidade de acabar morto, ele teria que explicar muita coisa
para a polícia, o exército, a aeronáutica...
-Fique
à vontade. –O rapaz alegou, deixando Crós sentar em seu lugar e
se afastando.
Alyson
ouviu seus passos pesados e arrastados de exaustão se aproximarem, e
ele desabar no banco ao lado dela. –Cansado?
-Desesperadamente.
-Posso
fazer uma pergunta, antes de você apagar?
-Diga.
-Por
que não me contou?
-O
quê?
-Sobre
Diamond...
Sobre mim
-Não
sabia que era você.
-Só
por isso? Podia ter me contado... Mesmo que não fosse eu, poderia
ajudar você.
-Eu
duvido muito.
-Acha
que não posso cuidar disso?
-Você
não consegue nem cuidar de si mesma. –Retrucou Ken, de cara feia.
-Mas
é claro que sim. –Ela alegou.
-Então
me explica por que você morreu.
Ela
engoliu em seco: -Não confia em mim?
-E,
você, confia em mim?
Alyson
não sabia o que responder. Viu-se, de repente, sem palavras.
–Você... Não respondeu a minha pergunta.
-Sinceramente?
–Ele não soube o que lhe deu naquela hora, para que respondesse,
indiferente: -Não, eu não confio.
Foi
como se ela tivesse levado um soco no meio da cara. Uma fúria
repentina se apoderou do seu corpo. A garota chegou perto do ouvido
de Ken e sussurrou, com raiva: -Faz o seguinte: me esquece, finge que
nunca me conheceu, que nunca sequer olhou para mim...Porque é isso
que vou fazer com você daqui para frente... –E saiu, deixando o
rapaz pasmo e se culpando por ter dito o que não devia. Foi para
frente, onde estavam os outros, conversando animadamente, enquanto
enxugava uma lágrima que teimou em escorrer pela sua face. Sacha
notou o movimento e se preparou para ir consolá-la: -O que houve?
-Nada.
É só um cisco que caiu no meu olho.
Sacha
podia ser muito desligada para acreditar nisso, mas Cloe não era.
Ela olhou discretamente para Ken, balançando tristemente a cabeça.
Mas ele não retribuiu o olhar. Estava ocupado demais pensando na
besteira que tinha acabado de fazer. Seu celular tocou. Sem prestar
muita atenção, atendeu: -Alô?
-Oi,
sou eu. Onde você está?
-Vou
para a Inglaterra.
-Fazer
o quê???
-Você
está cansada de saber o que é que eu vou fazer lá, Ki. –Ele
retrucou.
-Vou
com você!
-Não
acho que seja...
-Por
favor, estou bem grandinha para me cuidar sozinha, pare de ficar
bancando o protetor. Vai me esperar?
Ele
coçou a cabeça: -Tá, tá. Encontro você em Wiltshire.
-Está
bem. Tchau, paixão. Adoro você.
-Também
te adoro.
O
rapaz desligou, e respirou fundo. O hidroavião continuou seu curso,
rumo ao desconhecido, e levando de bagagem tristezas,
arrependimentos, mentiras, medos e corações partidos.
Ela
desligou o celular.
Era
loira, de olhos verdes e tez clara. Os cabelos estavam presos num
rabo de cavalo alto. Vestia uma camiseta preta simples, uma calça
jeans rasgada e um sobretudo preto, cumprido até um pouco acima dos
joelhos. Uma sandália gladiador, também preta, ornamentava seus pés
delicados. Tinha acabado de chegar no apartamento em que morava
sozinha, num hotel grande que ficava bem no centro de Tóquio. Carros
passavam lá embaixo, fazendo barulho.
A
moça, de 20 anos, pegou uma agenda de telefone e folheou, parando
num número de uma pequena agência de viagens da cidade. Pegou
novamente o celular e discou o número. Não demorou muito para uma
mulher atender: -Boa noite. Em que posso ajudar?
-Boa
noite. Gostaria de saber se tem algum avião, partindo ainda hoje,
com destino a Inglaterra. –Ela pediu, educadamente, enquanto puxava
duas malas de viajem debaixo da cama. Foi tirando roupas do armário,
andando por todo o apartamento, separando isso ou aquilo.
-Um
momento, por favor.
Ela
esperou pacientemente a mulher responder, enquanto enfiava as roupas
dentro de uma das malas. Fechou as janelas, guardou o pote de
biscoitos que estava beliscando antes de ligar para Kem e arrumou a
cama. A mulher tinha retornado ao telefone, e informou, prontamente:
-Há um vôo para a Inglaterra, que sai as 23:00h.
A
moça olhou para o relógio. Eram 20:30h: -Ainda tem lugares nesse
vôo?
-Sim.
De quantos precisa?
-Só
um, por favor.
-Seu
nome, senhora?
-Senhorita.
-Perdão.
Senhorita, pode informar seu nome?
Ela
abriu um largo sorriso e respondeu: -Kira. Kira Himura.
-Nem
vem.
-Por
que não? -Perguntou Hiei, de braços cruzados, fitando o amigo de
longa data: Mitaray.
-Por
todos os Deuses! Eu não vou arriscar a minha vida para entrar na
Equipe Black. Para eles estarem aceitando novos integrantes deve ter
uma boa razão, eu sei disso, porém...
-Lá
vem você com seus poréns. Mitaray, temos uma chance única na vida.
A Sede Black é o maior centro avançado de treinamentos de Diamond inteira. E, se eles estão recrutando aliados, como você mesmo
disse, deve ser porque precisam de ajuda. Sabe bem o que Mestre
Aragorn diria...
-Eu
diria que se alguém precisa de ajuda, devemos ajudar, certo? -Alegou
Aragorn, o mestre deles, entrando na sala.
-Eu
disse que ele ia concordar. -Comentou Hiei, escondendo um risinho de
deboche. Mitaray, entretanto, não se deixou abalar. Era um rapaz
calmo, de 22 anos, cabelos cinza meio espetados, olhos também cinzas
e pele clara. Seu jeito educado e tranquilizador o tornara um galã
de primeira sem querer, mas não tinha namorada. Nunca se apaixonara
por ninguém, e, por incrível que pareça, não era nem um pouco
galinha. Era também muito inteligente, dono de uma beleza invejável
e raramente perdia o controle.
-Eu
só queria dizer que essa história está muito estranha. Conhecemos
bem a Iris e, venhamos e convenhamos, ela não é do tipo que pede
ajuda a qualquer um, ainda mais quando se trata de impedir o avanço
de Haradja. -Comentou Mitaray.
-Por
isso mesmo que ela vai fazer uma prova. E não esperem que seja
moleza se bem conhecemos aquela fada. Particularmente, eu sugiro que
vocês dois se inscrevam. Nossa amiga deve precisar de ajuda, e não
é educado negarmos nosso serviço. Além do mais, eu ensinei muita
coisa a vocês. Com certeza vão se dar bem.
-Sim
senhor! -Os dois obedeceriam, como de praxe.
-Partam
amanhã cedo. Não vão querer se atrasar, tenho certeza. Aposto como
Farem deve estar um caos. Há mais uma coisa. Se conseguirem
ingressar na Equipe Black, voltem daqui a quatro semanas. Vou ensinar
um último truque, muito útil. -Pediu Aragorn, se retirando da sala
para ir se deitar e completando. -Boa noite. E se eu não vê-los
amanhã, boa viagem e boa sorte.
-Boa
noite, Mestre. -Desejaram os dois juntos.
-Viu,
eu tinha razão. -Troçou Hiei, com cara de vencedor. Ele contrastava
bastante com o amigo. Tinha a mesma idade, mas era levemente moreno,
tinha cabelos curtos e castanho avermelhados, olhos castanho claros e
um espírito brincalhão. Adorava implicar com o amigo (apesar deste
não dar a mínima confiança). Era carismático, fiel e também
muito bonito.
-Sério?
-Ignorou Mitaray, bocejando.
-É,
sério. É tão bom estar certo...
-Uma
vez na vida, para variar.
-Que
quer dizer com isso?
-Nada,
Hiei, nada. Agora é melhor irmos dormir, temos que levantar cedo
amanhã. -Alegou Mitaray, levantando do sofá e se dirigindo ao seu
quarto, deixando Hiei na sala, resmungando baixinho e se perguntando
se algum dia poderia tirá-lo do sério.
~Kit Black
~Kit Black
Nenhum comentário:
Postar um comentário