28 de ago. de 2015

Kit Black: Viajantes de Mundos

Terceiro capítulo: Remorso (parte v).

-Você está bem?
-Vou ficar. -Respondeu Alyson, entrelaçando sua mão na de Ken.
-Sei como você está se sentindo. Uma vez tive que romper com uma garota...
-Você nunca disse que teve uma namorada. -Ela lembrou.
-Acho que foi porque não era importante. Foi há dois anos, quando viajei para Nova York, se lembra?
-Tenho uma vaga lembrança. Ficou lá por uns três meses, não foi?
-Foi. Eu conheci lá uma garota simpática. Dizia ela que me amava, mas durou pouco tempo para eu perceber que não sentia a mesma coisa. As vezes a gente confunde amor com amizade, e nada de bom sai disso. -Ken pareceu pensativo, e Alyson se perguntou o que estaria passando pela cabeça dele naquele momento. Não perdeu muito tempo pensando nisso.
-E ai, o que você fez?
-Rompi com ela, o mais delicadamente que consegui.
-E?
-Ela tentou se matar.
Alyson sentiu seu ar faltar e apertou mais ainda a mão de Ken. Ele a sacudiu levemente para fazê-la voltar ao normal. Passou a mão livre delicadamente pelo seu rosto. -Hei, hei está tudo bem... Eu cheguei antes que ela pudesse tentar fazer algo consigo mesma.
A falta de ar dela chamou a atenção. Agora Cloe e Sacha estavam olhando para eles, preocupadas. -Está tudo bem ai atrás?
-Está. O Ken só está querendo me matar do coração, nada de mais. -Disse Alyson, sarcástica.
-Eu estou contando a história da minha ex-maluca para ela. -Contrapôs o rapaz.
-Aquela da garota que queria saltar de um prédio de vinte andares por sua causa? A que você contou hoje de manhã? -Questionou Cloe.
-Você sabe? -Perguntou Alyson, de olhos arregalados.
-Todos os três sabem, eu fiz a burrice de ficar contando as minhas amarguras para a Cloe, e esse pessoal que não tem mais nada para fazer parou para escutar. -Reclamou Ken.
-Ele estava carente, tem que dar um desconto né? -Dedurou Cloe, que não perdia a oportunidade de tirar sarro com a cara de Kensuke de vez em quando.
-Mas... Um prédio de vinte andares?
-É. Ela tentou mais de dez vezes se matar, ai um belo dia a família internou ela num hospício e avisou que se eu não sumisse de perto dela ia acabar levando um tiro. -Ele completou, dando de ombros.
-Eles iam dar um tiro em você com o quê? -Questionou, rezando para que fosse só uma figura de linguagem.
-Com a espingarda carregada que o pai dela deixava na garagem. -Ele respondeu, fazendo uma cara de “o que eu podia fazer?”. -Me sinto culpado até hoje... Era uma garota tão feliz...
-Ainda bem que não vou ter que me preocupar com uma coisa dessas.
-Quem lhe garante que o romântico francês não vai fazer nenhuma burrice?
-Eu sei que ele não vai. - Ela alegou, decidida.
-Como pode ter tanta certeza?
-Ele prometeu para mim. -Foi a resposta dela. -Se jurasse algo por mim, você quebraria a promessa?
-Jamais.
-Então. Ele não vai fazer nenhuma besteira, tenho certeza que não.
Ele não respondeu. As mãos dele se soltaram das dela, o que causou um olhar torto de protesto. -Devia ter ficado com ele. Eu não sou um santo. Já te fiz chorar. Já fiz você sofrer. Eu menti. Por que não ficou com ele? Francis nasceu em Diamante, sabe onde ficam os portais. Era só pedir, e ele a levaria até ao céu, se fosse possível.
-Está se perguntando por que você é meu namorado?
-É... De certa forma.
-Porque amo você, não ele. Isso te satisfaz? -Ela perguntou, o encarando com seus belos olhos castanho-esverdeados, agora mais verdes do que jamais tinham ficado antes.
Ele entrelaçou novamente sua mão na dela e lhe deu um beijo demorado. -Claro que sim.
Alyson olhou-o por um breve minuto, tentando relembrar algo que tinha escutado há pouco tempo. Do nada ela o fitou e perguntou: -Será que a sua carência hoje de manhã tem alguma coisa a ver comigo?
-Isso é uma pergunta para mim?
-Pode se considerar.
Ele corou um pouquinho antes de responder: -É. Tinha tudo a ver com você.
-Amo você. -Ela disse baixinho, deitando a cabeça no ombro dele. O rapaz passou o braço por trás das costas da jovem e encostou a cabeça na dela. O barulho do motor do hidroavião foi lhe dando sono, e logo ele fechou os olhos e adormeceu. Porém Alyson não conseguiu dormir. Ela pensava como tudo aquilo tinha sido difícil. Como ela queria que Francis não fizesse nenhuma burrice. Como ela queria, simplesmente, esquecer.

   
Mitaray cutucou insistentemente Hiei para que ele abrisse os olhos. O trem parara na estação de Farem, e o jovem ainda dormia a sono solto.
-Qual é? Não se pode nem mais dormir nesse lugar? -O rapaz resmungou, enquanto abria os olhos.
-Chegamos, criatura. Vamos logo, temos que pegar nossas coisas. -Replicou Mitaray. Ele parecia inquieto, o que chamou a atenção do amigo.
-O que está pegando?
-Como?
-Fala sério, Mitaray, te conheço há anos. Acha que não sei reconhecer essa sua cara de apreensão quando a vejo? –Retalhou Hiei, levantando-se de um salto e ficando de pé.
-As linhas de comunicação estão cortadas. E pelo visto não é só aqui. Estão dizendo que o reino inteiro está sem comunicação.
-Fala sério, não se pode cortar uma linha de comunicação, principalmente porque ela é feita de som, não de matéria.
Mitaray o observou por alguns instantes, incrédulo.
-Que é? Eu frequentei a escola, para a sua informação. -Alegou Hiei, aparentemente ofendido pela surpresa do colega.
-Eu não disse nada. –Contestou Mitaray, estreitando os olhos. –Mas acho que você está muito na defensiva.
-E... –Ele se calou imediatamente. -... Ta legal, só cursei até a oitava série. Mas não quer dizer que sou burro.
-Jamais diria uma coisa dessas.
-Não é?
-Não. Eu diria ignorante, talvez até incapaz… Mas burro não.
-Nossa to me sentindo muito melhor. –Retrucou Hiei.
-Vai se acostumando. Agora podemos ir?
O rapaz resmungou alguma coisa e agarrou suas malas, seguindo de perto Mitaray. Os dois saíram do trem. Uma madrugada fria e úmida os recebeu, resto de uma tempestade que, tão inesperadamente como veio, se fora, deixando para trás habitantes preocupados e alarmados. Eles se entreolharam por alguns instantes e, tomando coragem, entraram pelo caminho sinuoso que levava à Sede Black. Mitaray dava umas olhadas por trás dos ombros, sentindo aquela sensação desconfortante de achar que estava sendo observado.
Já Hiei, quase caindo de sono, mal poderia pensar nisso. Talvez só não estivesse batendo nas arvores da trilha por ter um treinamento muito bom, com um mentor melhor ainda. Era seu costume dizer que, para ir a uma missão de campo, era indispensável um meio de transporte. De preferência grande o suficiente para que pudesse dormir dentro dele. Não era especialista em fazer plantão, mas em compensação era um piloto excelente, que apesar de jovem já havia estado em quase todos os lugares de Diamond.
O caminho terminou de frente a uma grande mansão. Era grande como um centro de pesquisas, luxuosa como o mais belo palácio e fortalecida por defesas insuperáveis, mais poderosas que a força de mil exércitos. Era uma verdadeira fortaleza, onde aqueles que eram considerados inimigos pereceram, sem terem tempo nem para pensar no que fazer para escapar.
Mas Hiei e Mitaray não eram inimigos, muito pelo contrário. Apesar de Íris repetir ardorosamente para não se meterem no que não era da conta deles, os dois sempre lhe davam uma mão quando ela mais precisava. Isso criara uma amizade muito forte entre eles e os membros da Equipe Black.
Mitaray tirou os pensamentos infelizes que lhe cobriam a face e tocou a campainha. Uma câmera mais escondida que ficava sobre a porta captou sua imagem, levando-a ao computador central em instantes. Alguns minutos depois, uma mulher morena de belos cabelos castanhos e uma franja desarrumada abria a porta. Sua boca não conseguiu refrear um sorriso: -Rapazes, como é bom ver vocês. –Disse Íris, enquanto abraçava um de cada vez, amigavelmente. –Vamos, entrem logo. Precisam descansar.
O jovem fitou-a com os olhos acinzentados e deixou o rosto iluminar-se com um breve sorriso. O sorriso de Mitaray era tido como tranquilizador, podia acalmar ou deixar alegre quem o presenciasse. Era, contudo, muito raro, e só dirigido a aqueles que realmente tinham sua afeição. Por enquanto não eram muitos. A vida de guerreiro era muito difícil, cercada de traições, sangue, carne despedaçada e feridas incuráveis. Como uma pessoa tão gentil podia sobreviver assim?
Dou-lhe a receita: 1˚, arranje um amigo muito doido e que fale bastante besteira, de preferência COM SENSO DE LIMITE. 2˚, evite chamar atenção. A fama é muito ruim quando tem milhares de monstros querendo despedaçar você. E, para não correrem o risco de irem parar no cemitério, muitos ainda preferem o anonimato. 3˚, e mais importante... Situações extremas pedem medidas desesperadas. Portanto, se você bater no cara até cansar e ele continuar inteiro, querendo matar você, não pense duas vezes: CORRA!
Eles entraram na grande casa, e foram recebidos por Dave. Ele era o grandalhão da Equipe. Tinha músculos de ferro, tão definidos e grandes que uma bicha (sem preconceito, ta?), ou cairia a seus pés, ou correria assustada. Era bonito, tendo pele morena e grandes olhos verdes. Os cabelos eram curtos, às vezes revoltosos, às vezes comportados (a base de muito gel). Tinha um senso de humor marcante e uma sinceridade sem igual. Devia ter uns 28 ou 29 anos, mas parecia muito mais jovem. Adorava os seus amigos mais que tudo. Era casado com Taylor. E, acima de tudo, amava a natureza, apesar de não parecer.
Já a sua esposa tinha 28 anos. Ela tinha uma pele avermelhada, cabelos tão lisos que parecia impossível e olhos cor-de-mel, amendoados, quase inocentes. Devia, de algum jeito, ter vindo do Mundo Real. Era descendente de índios. Seu passado não era muito conhecido, o que nem assim impediu o casamento com Dave, ou a amizade para com os outros. O único vestígio dele era carregado junto a ela sempre: uma cicatriz feia, bem abaixo do ombro, que podia ser vista toda vez que a mulher usava camiseta. Era alta, medindo mais ou menos um metro e setenta e cinco. Inteligente, tranquila e séria, era a mais centrada, porém às vezes deixava sua obsessão por tentar fazer tudo dar certo atrapalhar seu dia-a-dia, e seus relacionamentos.
Devia estar num desses dias de desanimo e muito trabalho, pois passou direto por Mitaray e Hiei e se jogou no sofá. Seus olhos sonolentos passaram pela sala, reparando finalmente nos dois visitantes. Os três se entreolharam. Por fim ela conseguiu esboçar um sorriso, e falar baixinho, rouca: -Oi, pessoal. Desculpa, não vi vocês aí.
-Ela pegou uma gripe forte... –murmurou Íris baixinho, perto dos dois.
-Percebe-se. –Respondeu Hiei de volta, sem ousar levantar a voz. Se existiam duas pessoas que davam medo naquela equipe era Taylor e Íris. Não, dessa vez o grande Dave não estava envolvido. O que ele tinha de músculos, tinha em proporção igual de gentileza e bom humor. No caso das mulheres, a 1˚ virava uma fera quando estava de mau humor, ou quando algo saía errado. A 2˚ era a líder, e tornando a lembrar, não era bom se meter com ela.
-Vocês vão se candidatar? –Questionou a mulher, numa voz cansada. Iris lançou um olhar vago para os dois, enquanto Dave revelava-se contente demais para quem não sabia de nada...
-Dave! –A líder alegou, sem se alterar.
-Juro que desta vez sou inocente! –Defendeu-se ele.
-Mas você sabia.
-É... Pois é...
-Não foi ele que nos convidou a participar, Iris. –Disse Mitaray, abrindo um sorriso gentil para o velho amigo.
Iris e Taylor se entreolharam: -Não?
-Não.
Impossível. Era o tipo de coisa que Dave faria, embora não fosse nenhum crime. Sua espontaneidade sempre causara problemas. Mas se não fora ele...
-Quem...? –Iris começou, por puro impulso. No fundo, um nome e um rosto já pairavam em seu subconsciente. –Da...-Ela foi interrompida no começo do nome quando uma jovem de 17 anos entrou na sala e, como o vento, foi para perto dos dois visitantes. Tinha cabelos ruivos e cacheados, olhos da cor do pôr do sol e perspicazes, tez pálida. Era baixinha e magra, mas uma incrível energia emanava de seu corpo aparentemente frágil. Uma energia que encheu o salão imediatamente após sua chegada. Estranhamente, sua alegria absurda e fora do comum era muito bem-vinda.
Ela deu um beijo em cada um e exclamou, numa voz aguda e alta que fez com que os outros se encolhessem: -Vocês vieram! Pensei que não viriam... Afinal de contas, você cumpre o que diz, Hiei...
Mitaray disse com o olhar algo como “que história é essa?” Ou talvez “eu sabia que tinha algo por trás dessa história toda”. Mas lembrou-se que Dayana só se intrometia nesse tipo de coisa quando o problema era sério. A confirmação viera com a tempestade inesperada e com os cortes nas linhas de comunicação. De modo que apenas sorriu para a jovem na sua frente.
-Dayana. Eu devia ter suspeitado. –Ponderou Iris, como quem confessa um erro sem importância. –Diga-me, garota, você é surda ou simplesmente perdeu o juízo? Acho que deixei bem explícitas as ordens de Não DEIXAR A NOTICIA VAZAR... -Ela repreendeu, sem levantar muito a voz. Dayana era uma incontrolável força da natureza quando resolvia fazer alguma coisa. Era a mais nova da equipe e, para Iris, quase uma filha. Por isso que a líder tentava frear seu entusiasmo “catastrófico”. Era a promessa que fizera quatro anos atrás, quando ela fora deixada na sua porta, por ninguém menos que o Senhor do Palácio de Granito, alegando que a pré-adolescente acabara de ficar órfã: a mãe morrera de uma enfermidade cruel, e o pai, em umas das muitas batalhas contra Haradja (este último era amigo de longa data da Equipe).
Neste dia ela jurara não perder a cabeça e criar a filha do seu valoroso amigo. O que não sabia era que ela tinha um problema sério de hiper-atividade. Mas se esforçou, e ali estavam elas. Agora a empolgação exagerada da jovem tinha sido catalisada e desviada para fins mais produtivos: como mandar recados e dobrar decisões já determinadas (principalmente quando se tratava de uma ordem absurda de Nicolas).
Mitaray olhou Iris com as sobrancelhas soerguidas em uma expressão de interrogação: -Vazar?
-É... Não que quiséssemos deixá-los de fora. Mas tentamos fazer as convocações o mais sutilmente possível, para não atrair a atenção de Haradja. –Comentou Taylor.
-Então não estávamos na lista de convocação? –Questionou Hiei, abatido.
-Mas é obvio que estavam! Só que alguém confundiu o banco de dados do computador e não pudemos mandar a mensagem. E quando conseguimos reiniciar, as linhas de comunicação foram cortadas. Foi sorte Dayana ter saído, para falar a verdade, ou então não teríamos conseguido avisá-los a tempo.
Iris não pôde deixar de concordar e lançou um olhar de desculpas para Dayana, que acenou com a cabeça, em sinal de “desculpas aceitas”. Hiei deu um suspiro de alivio, enquanto Mitaray brincava: -Viu, quem mandou ser apressadinho?
O rapaz ignorou-o completamente e questionou: -E por que essa súbita mudança de planos? Quer dizer, geralmente não eram um grupo fechado?
-Nós somos um grupo fechado. –Corrigiu Taylor.
-Então por que mudar? O que fez com que chegasse a esse ponto, Iris?
Taylor ia dar uma resposta rude quando Iris a interrompeu, fazendo-lhe um sinal de silêncio. –Esfrie a cabeça, Taylor. Posso responder isso. –E virando-se para os dois colegas, explicou: -Temos procurado muito tempo pela salvação de Diamante.
-Sabemos. –Disse Mitaray, sério: -A garota a quem chamam de Kit Black.
-Sabem também que suspeitávamos que estivesse no Mundo Real. E que mandamos vários amigos em seu rastro... Até mesmo, recentemente, o próprio Crós.
Ele balançou a cabeça, afirmativamente. Mas sua expressão mudou quando ouviu a parte de crós, dita depois de um breve intervalo.
-Crós foi para o Mundo Real?
-Já vão se completar dois dias desde a sua partida. Uma mensagem chegou aos Deuses. Ela foi mandada pela Morte. A garota foi encontrada.
-Isso quer dizer que ela...
-Morreu? Sim. Mas, para nossa sorte, ela ainda tinha uma missão para cumprir... Salvar Diamond... E então lhe foi dada uma segunda chance.
-Incrível. –Murmurou Mitaray, atônito. Era muito difícil ele ficar atônito, e Dayana não conseguiu evitar uma risada abafada e sutil ao ver seu belo rosto pasmo. –Quantos anos faz que houve a última ressurreição aqui em Diamante?
-Muitos, e mesmo assim o homem era um feiticeiro poderosíssimo. –Comentou Dave.
-E ela, aparentemente sem nenhuma noção de magia, conseguiu reviver... Sem um arranhão?
-Tecnicamente, Morte garantiu, ela está bem. A chave foi entregue a ela, também. Estranhamente, parece que ela assumiu outra capacidade, quando chegou às mãos da garota...
-Outra capacidade?
-Parece que ela tinha um instinto antigo. Talvez de uma encarnação antecedente, há muitas eras.
-Todos alguma vez fomos animais. –Disse Taylor.
-E, em nossas reencarnações passadas em que vivemos nesse modo primitivo, ouve cinco animais que se destacaram... -Continuou Dayana, vagamente.
-Os cinco primeiros animais a evoluir para a forma humana eram os mais inteligentes e ardilosos que já pisaram no mundo animal. O gato selvagem, o lobo das montanhas, a águia vermelha, a frágil borboleta e o rebelde peixe-voador. Sua inteligência era tão absurda que eles desenvolveram a capacidade de falar, sozinhos, mesmo antes dos Deuses terem sequer pensado em dar este dom a eles. –Mitaray olhou Iris e ela fez um sinal para que continuasse. –Então quando morreram, conseguiram reviver nos corpos mais evoluídos, não da era em que viveram, mas comparados a sua vida anterior. Porém, como a reencarnação não nos permite acessar nossas lembranças de outra vida, foram criados medalhões para que os agora humanos tivessem um jeito para usar suas habilidades de quando eram animais. Os medalhões davam a possibilidade de que a alma habitasse um corpo meio humano, meio animal. Assim o instinto ainda estaria ali, e quando fosse preciso usá-lo para defender outros humanos, poderia ser revivido.
Eles se tornaram protetores da humanidade, mas, como não tiveram filhos, seus poderes não puderam ser passados hereditariamente. E, quando faleceram defendendo seus semelhantes, não houve ninguém que pudesse assumir seu lugar... Até a próxima vez que voltassem a andar pelo mundo carnal”.–Ele terminou, respirou fundo e perguntou: -Você acha que ela é a reencarnação de um deles?
-Não achamos, temos certeza. –Empolgou-se Dave. –Sabe o que é melhor? Quando eles “vêm”, nunca estão sozinhos. Eles voltam ao mundo de matéria sempre juntos. E, de acordo com a Morte, nossa amiga procurada é a gata selvagem.

-Parece que tiramos a sorte grande. –Mitaray piscou os olhos acinzentados, uma alegria inundando seu peito. Tinham uma chance. Podiam vencer! A vida nunca parecera tão disposta a lhes dar todas as armas. Com Kit ao lado da Equipe Black, Diamante sobreviveria. Todos sobreviveriam.

~Kit Black

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