7 de set. de 2015

Loki por Literatura: Cidade do Sol - Khaled Hosseini

Olá meus queridos, semana começando vamos animar! feriadão, tá de bobeira? Bora Ler!!!
Semana passada o mundo  e a internet pararam, comovidos com a imagem de uma criança síria morta numa praia da Turquia, sua família, refugiados, estavam escapando da guerra civil na Síria, que ocorre desde 2011, contra a terrível ditadura do governo FDP al-Assad. O oriente médio é uma região historicamente castigada por muita treta vish conflitos, de uns anos pra cá é comum ouvir nomes como:  Israel, Líbano, Iraque, Kuwait, Afeganistão e outras galeras que caem na besteira da seguinte de combinar a formula:
Governos ditariais+regilião+extremistas+guerras= um monte de refugiados, os quais mais sofrem com tais conflitos.



Homenagem ao pequeno Aylam Kurdi, .


O país ambientado na obra, o Afeganistão, escrita pelo afegão Khaled Hosseini, narrando os principais conflitos sofridos pelo país, tais como; a invasão dos camaradas que bebem vodka Soviética que durou de 1979 à 1989, a Guerra Civil entre as facções remanescentes, outrora lutaram juntas contras os invasores soviéticos, agora lutam uma contra as outras, almejando o controle do país e ascensão do regime extremista do Talibã e sua queda em 2001.
 
O livro em questão chama-se A cidade do sol, publicado em 2007 com o título original A Thousand Splendid  Suns, a tradução literal é Mil sois resplandecentes, título usado em Portugal e outros países de língua portuguesa, em alusão ao poema de Said Tabrizi, um poeta persa que viveu no século XVII, onde descreve as belezas de Cabul. No Brasil não se usou o título original por uma questão de que tradução não teria um nome de impacto, segundo a editora do livro. Veja o trecho do poema:
 
 “Não se podem contar as luas que brilham em seus telhados
Nem os mil sóis esplêndidos que se escondem por trás de seus muros”
 
                                                                                     Saib-e-Tabrizi
 
 
 
 
São citadas no livro cidades, línguas e etnias , distribuídas ao longo de rios e vales, essas belas formações fazem o milenar Afeganistão, que já foi invadido inúmeras vezes por estrangeiros, razão pela qual durante a antiguidade era um dos pontos da chamada rota da seda (caminhos terrestres e marítimos que ligavam Europa e Ásia, onde comercializam vários produtos, o principal deles a seda). No século XX, o Afeganistão fazia fronteira com a União soviética ao norte, onde hoje são Turcomenistão, Uzbequistão e Tajiquistão, isso fez crescer o interesse soviético na região, era um ponto estratégico e próximo no Oriente Médio.
 
 
Mapa das principais cidades do Afeganistão e as etnias predominantes em cada região.
 
 
 
 Toda essa transformação é testemunhada por aqueles que viviam naquele clima tenso e instável, em especial duas mulheres, Mariam e Laila, que a princípio viviam em lugares e em momentos distintos, a primeira uma menina que vive numa aldeia no interior do país a outra nascida na capital, mulheres que não estão diretamente ligadas aos conflitos políticos, mas terão suas vidas afetas e cruzadas pelos horrores da guerra.
 
A mulher na sociedade afegã desses tempos turbulentos, não foi esquecidas, diversas vezes lembrada, até o principal símbolo da mulher nessa nação, a burca, é descrita no livro. O lado mais extremista do islamismo, acham que a mulheres devem se esconder do olhar malicioso de outros homens, que não seja o marido, por isso devem usar a vestimenta que cobre todo o corpo feminino. Eram tratadas como seres abaixo do homem, sofriam duras penas se desrespeitassem a Sharia, a lei islâmica baseada no Corão, bíblia dos muçulmanos, como há nesse trecho publicado pelo Talibã durante o regime:
 
Mulheres caminhando nas ruas de Cabul antes do Regime do Talibã, não era comum o uso da burca.
 
 
" Total proibição do trabalho feminino fora de casa. Apenas algumas médicas e enfermeiras estão autorizados a trabalhar nos hospitais de Cabul.

Total proibição de qualquer atividade feminina fora de casa se a mulher não estiver acompanhada por um mahram (parente próximo do sexo masculino, como pai, irmão ou marido).

São impedidas de fazer compras com comerciantes masculinos.

Não podem ser tratadas por médicos do sexo masculino.

Proibidas de estudar em escolas, universidades ou qualquer outra instituição educacional (o Taliban converteu as escolas para meninas em seminários religiosos).


Mulheres usando a famosa burca.

Obrigação do uso da burca, vestimenta que as cobre da cabeça aos pés.

As mulheres que não se vistam conforme as regras do Talibã ou que não estejam acompanhadas por um mahram são açoitadas, espancadas ou ofendidas verbalmente.

Açoites públicos contra as mulheres que não escondem seus tornozelos.

Apedrejamento público contra as mulheres acusadas de ter relações sexuais fora do casamento (muitas delas são apedrejadas até a morte).

Proibição do uso de cosméticos (muitas mulheres que pintaram as unhas tiveram os dedos amputados).

Proibição de falar ou apertar as mãos de homens não-mahram .

Proibição de rir alto (nenhum estrangeiro pode ouvir a voz de uma mulher).

São proibidas de usar sapatos de salto alto, que podem produzir som ao caminhar (um homem não pode ouvir os passos de uma mulher).

Proibidas de andar em táxi sem o mahram.

Proibidas de participar de programas de rádio, televisão ou de reuniões públicas de qualquer espécie.

Proibidas de praticar esportes e de entrar em centros esportivos ou clubes.

Proibidas de andar de bicicleta ou motos.
Proibidas de usar roupas muitos coloridas. Para o Taliban, isso as tornam sexualmente atrativas.

Proibidas de participar de encontros festivos com fins recreativos.

Proibidas de lavar as roupas em rios ou qualquer outro lugar público.

No país foram alterados todos os nomes de ruas e praças que tivessem a palavra "mulher". Por exemplo, "Jardim das Mulheres" se chama agora "Jardim da Primavera".

Proibidas de aparecer nas varandas de seus apartamentos ou casas.

Janelas de vidro são pintadas para que as mulheres não sejam vistas do lado de fora de suas casas.

Os alfaiates são proibidos de costurar roupas femininas ou até tomar as suas medidas.

Proibidas de usar banheiros públicos.

Mulheres e homens são proibidos de viajar no mesmo ônibus. Os ônibus são divididos em "só para homens" ou "só para mulheres".

Proibidas de usar calças, mesmo debaixo da burca.

É proibido fotografar ou filmar mulheres.

É proibido publicar imagens de mulheres em revistas, jornais, livros ou cartazes de qualquer ordem.

Além dessas restrições, as mulheres também não podem ouvir música, assistir filmes ou comemorar a chegada do Ano Novo (Nowroz). Para os Talibãs essa é uma festa pagã. (Fonte: F5 Portal)"

 
 
Em 2001 com fim do regime do Talibã, o uso da burca deixou de ser obrigatório mas muitas mulheres ainda usavam o traje típico, ficavam com medo olhar malicioso dos homens, que por muito tempo não olhavam as mulheres por baixo da longa vestimenta, como é mostrada na reportagem feita pela Globo em 2001:
 
 
 
 
Mas 12 anos depois, a BCC foi até o Afeganistão, constatou que grande parte das mulheres já não usa mais a burca, pelo menos na capital Cabul, no interior do país ainda é muito usada.
 
 
A rede globo fez também uma reportagem especial, em comemoração aos 10 anos do fim do Regime do Talibã, relatando, as mudanças no país depois de vários anos sofridos com guerras e perdas dramáticas.
 
 
 O romance ora parece ser uma ficção, com elementos em relatos históricos, os quais foram parte do cotidiano de várias mulheres, crianças e homens afegãos, sobretudo é apenas é um pouco do que é viver em meio uma guerra. A Síria vive uma situação parecida, medo, instabilidade e dor, fica minha homenagem direta para à Síria e indireta todos os países que vivem momentos complicados como este, pois as guerras mudam bruscamente na vida daqueles que não estão diretamente envolvidos nesses conflitos, tendo seus direitos violados e alterados da noite para o dia, perdendo tudo que conquistaram e amaram durante toda a vida(poema para os refugiados, sim eu sei escrever poemas :P).
 
"Só agora vocês olham para Síria
Tudo mundo desde 2011 sabia
As atrocidades que o al-Assad fazia
O pequeno Aylan é apenas mais um que queria
Fugir de uma guerra civil tão fria...

Destruiu incontáveis famílias
Como diz no Islã, Allah com sua sabedoria
Mostrará o caminho da paz que ali havia
Que nenhuma Jihad, derrame uma vez mais
Sangue ou lágrima de qualquer criatura viva
Lágrimas, só se for de alegria".
 
 
 
 
Desejo uma boa semana à todos, espero que gostem do livro, tenho certeza que esta leitura mudará o jeito de pensar de vocês e que possam conhecer  um pouco da história desse país maravilhoso que é o Afeganistão.
 
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Loki, o Deus da zoeira.
 
 
 
 
 
 




 
 


 
 

 
 
 


 

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