12 de set. de 2015

Loki por Literatura: Joana e Maurício - Igraínne Marques

Salve galera da caverna!

Essa semana foi maravilhosa, logo de cara um feriado na segundona, 7 de setembro, "Independência do Brasil".
Essa data, segundo os historiadores, simboliza o rompimento entre o Brasil e Portugal, personificado pelo ato de Pedro de Alcântara, o então príncipe regente, naquela ocasião estava no meio de uma viagem, recebe uma carta de D João VI, rei de Portugal e pai de Pedro, o príncipe responde não à  carta de seu pai, o qual estava pedido ao filho que devia volta à Portugal.

Eu preparando o post de hoje.

 Nesse tempo não havia rádio ou televisão, celular então nem se fala. As cartas eram os principais meios de comunicação naquela época, século XIX, também durante grande parte do século passado. Atualmente para muitos hoje, uma carta representa coisa do passado, num mundo onde as informações,  devem ser dinâmicas e imediatas, não há tempo para esperar uma resposta, somos seres ansiosos e angustiados.

Sentimentos como esses mencionados, às vezes guardamos para nós mesmos ou colocamos para fora, em um papel, uma carta, onde lá encontra-se os segredos  mais íntimos, com dores, amores, dias felizes e também os tristes. Afinal quem nunca escreveu uma carta de amor ?
Fernando pessoa em sábias palavras disse uma vez:



"Todas as cartas de amor são 
Ridículas. 
Não seriam cartas de amor se não fossem 
Ridículas. 

As cartas de amor, se há amor, 
Têm de ser 
Ridículas. 

Mas, afinal, 
Só as criaturas que nunca escreveram 
Cartas de amor 
É que são 
Ridículas". 

Já imaginaram como era esperar a resposta de uma carta do seu amor, ficar dia após dia com aquela impaciência, um friozinho na barriga e emoção ao abrir o envelope e reler inúmeras vezes aquele papel? Essa é a história de Joana e Maurício, um romance totalmente em cartas, deixando lacunas entre uma correspondência e outra, fazendo a imaginação do leitor interagir com a trama.

O livro foi publicado em 2014, pela editora Buriti, escrito por Igraínne Marques, Igra (para os íntimos), Joana e Maurício é o primeiro livro da autora. Estudou letras na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, esteve na XVII Bienal do livro no Rio de Janeiro, atualmente ela dedica-se, além de escrever, ao curso de  pós-graduação, sua pesquisa é a respeito do universo das história do Rei Arthur (Sim aquele rapazinho que tira uma espada fincada numa Rocha, uma tal de Escalibu).
 

O título da obra nos apresenta os principais personagens, Joana e Maurício, muitos de vocês irão associar com Romeo e Julieta, de William Shakespeare, mas não é totalmente igual. Há alguns pontos semelhantes entre ambos, a forma poética como são escritos e paixão intensa, mas a grande diferença por exemplo, em Romeo e Julieta a narrativa é alto explicativa, não há brechas, sabemos de tudo que acontece, já em Joana e Maurício é totalmente dedutivo, onde o leitor deverá preencher aquilo que foi não dito, apenas aconteceu.

Aos cuidados dos leitores.



A narrativa é ambientada durante uma guerra, mencionada como dias cinzentos pois as guerras são incertas,  como os dias nublados, os quais não há a luz sol e não sabemos quando haverá aqueles raios novamente. As únicas informações datadas, são apenas os dias e meses, os quais vamos acompanhando pelas cartas trocadas, trazendo aquela ansiedade que vai nos consumindo, esperar uma resposta. Do abrir das cortinas até o encerramento da trama, bate a curiosidade de querer saber: o que vai está escrito na próxima carta? quando vou vai chegar, outra pessoa vai abrir antes de mim? São as dúvidas e incertezas, que vão nos prendendo de forma inquietante.
Esperando resposta do whats app da carta.



"... Suas cartas não são resposta. Silêncio não diz nada
além de besteiras mal interpretadas.
E estou cansada de ser interpretação ambígua.
                                                    
                                                                     Com ardor...

                                                                               Joana".



As cartas são escritas de forma poética, cheias de figuras de linguagem, um jogo de palavras com e sem rimas, onde são descritos lugares, pessoas e principalmente os sentimentos dos personagens.

Esses personagens centrais da trama, são dois jovem de realidades sociais diferentes, um humilde estudante de letras, amante da poesia, sonhador cheio de planos, mas sempre desiste deles, Maurício Duarte, escreve como um trovador lusitano, aqueles das cantigas de amor, os quais desejavam desesperadamente a amada.



"...Estou cansado, preciso dormir.
Amanhã o dia será cheio- cheio de você,
até eu ficar de saco cheio de lamentar do me sinto repleto de você.


                                                                                      Com ardor...

                                                                                          Maurício".

Joana Poole, esse sobrenome de origem britânica , é uma mulher da alta sociedade, feminista, teimosa, cheia de coragem, mas as vezes indecisa, tem tudo o quer mas sente que, lhe falta algo. Seu temperamento faz lembrar as atitudes de Capitu, a mulher dos olhos de ressaca de Machado de Assis.

"... Não digas que sabes quem eu amo pois falar de amor é apenas para os corajosos...

                                                                                                                         
                                                                                                                               Joana".

A guerra dos dias cinzentos, anteriormente citada, influenciará de forma significativa na vida daqueles que estão ligados ou não à ela, jovens foram convocados para marcharem aos campos de batalha, famílias separadas, esposas ficaram viúvas, até os oficiais com sua rígida disciplina, sofreram com os reflexos, desses dias em preto e branco, o mesmo preto e branco da tinha e o papel nas cartas, elas não foram censuradas nem rasgadas, através dessas palavras rabiscadas sabemos como é viver entre  a esperança de paz, numa guerra onde a vitória maior é a vida.

"...E eu terei que fazer parte da História,
terei que batalhar por uma causa que não é minha...
                                                              
                                                              Maurício.".

 Para finalizar,  os livros são como os filmes, e todo filme tem que ter uma trilha sonora, uma música que combina e lembra direitinho da trama, a música de Joana e Maurício é Cartas, cantada por Erasmo Carlos com participação de Renato Russo.


Não termina por aqui, segunda-feira vai ter post da entrevista que fiz com a escritora desse cativante livro, não morram de ansiedade se eu fosse vocês, enquanto isso iria descolar esse livro maroto. Curtiram a resenha? temos uma página no Facebook, para conhecer clicar aqui, deixem sua curtida lá para alegar nosso dia.

Loki, o Deus da Zoeira.




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