24 de dez. de 2015

Caça a Vampiros no Acre #2

Victor


Acabamos de arrumar as coisas e Ame-chan estava comendo o último pedaço de pizza, não tive coragem de negar isso a ela, até porque minha senpai é perigosíssima até mesmo com as mãos vazias, e no momento ela possuía duas grandes e afiadas katanas.
Faço minha jogada no hs e a encaro enquanto sinto luto pela pizza…


-A pizza está boa, senpai?...Ela estava realmente feliz com aquela pizza, deu uma grande mordida e respondeu levando a fatia ao auto:
-Está é a melhor pizza que eu já…
-Um segundo, acho que esqueci de algo, tem ideia do que é?
-Não, agora deixe-me continuar… Está é a melhor pizza que eu já co….
E desta vez ao levantar a fatia, uma mão gigantesca varreu o telhado da minha casa junto com a pizza da Ame-chan, então tirei meus fones, observei por um segundo e disse:
-Uh sim, tem um demônio gigante me perseguindo, era isso que eu tinha que lembrar!
-Aprendiz, sua falta de foco me custou a última fatia de pizza!
-Mas senpai...antes de poder me desculpar, ela pulou pras minhas costas e bloqueou meu braço e com o outro preparou-se pra me dar um cascudo, porém pensei rápido e consegui espremer uma pequena frase:Cho-chocolate na geladeira!
Então ela me soltou, deu uma cambalhota pra trás e disse: - Vá buscar, eu quero!
- Nunca houve chocolate, só queria mostrar com se distrai fácil hahaha
- Como você pôde mentir pra mim? -...e em quanto discutimos sobre isso o demônio observava, até que ficou impaciente, bateu no chão e falou:
-EI, VOCÊS AI, POR ACASO ESTÃO ME VENDO???
-Fique quieto seu ladrão de pizzas imundo… -foi o que ela disse antes de agarrar o cortador de pizza e despedaçar o monstro com um golpe só.
-Já podemos ir?... -Perguntei com medo.
-Sim, mas primeiro você vai comprar os chocolates que me deve. -Disse ela sorrindo de um jeito assustador.


Então deixamos minha casa destruída pra trás e fomos andando até a padaria mais próxima, onde o conteúdo da minha carteira foi convertido em barras de chocolate, como castigo por ter mentido. Cá pra nós, quando se trata de comida Ame-chan é perigosa, me lembro até hoje do dia em que ela me deixou amarrado numa árvore, na amazônia, quando sumiu uma barra de cereais da mochila dela, que aliás eu estava carregando porque segundo ela  “suas lindas costas estavam cansadas”.
Nós andamos até o sol raiar, estava tão animado que poderia matar mil demônios (querido diário, suspeito que minha senpai colocou algo no meu café, cafeína extra, talvez), eu tava mega ligado e mal podia esperar pra ir então, quando se podia ver o porto ao longe, decidi fazer um desafio:
-Quem chegar por último no barco terá de matar mais vampiros, o que acha?
-Você quer mesmo fazer isso, vai ser minha vitória numero 549…
-Dessa vez eu vou vencer!
Então sai correndo na frente e corri o máximo que podia, e era como se tudo fosse em câmera lenta, mas quando cheguei ao barco lá estava ela, dormindo.
-Ela abriu os olhos e falou: -O que faz ai parado?...Os perdedores remam!
Então se deitou e continuou dormindo e depois de ficar me perguntando como ela tinha chegado primeiro, comecei a remar... e então eu remei, e após parar um segundo pra respirar eu remei mais, e após meus braços quase caírem remei ainda mais. “Tenho certeza que ela vai dizer que remar é parte do treinamento”, era o que pensava.
O mar estava calmo, mas eu podia sentir uma presença maligna e então de repente surgiu um leviatã gigante e tentei acordar Ame-chan, mas quando a chacoalhei ela me deu um safanão e disse: -Dê um jeito aprendiz, ainda estou com sono!
Como não tinha opções de sobra, tive uma ideia e pulei pra cabeça do monstro: -Antes de destruir nosso barco podemos bater um papo?
-Se esse é seu último desejo...fala ae, mano.
-Ok, é o seguinte, ta vendo aquela garota dormindo ali? Ela é um anjo enquanto dorme, mas se você destruir o barco ela vai matar nós dois, e depois me ressuscitar pra carregá-la até o Acre, você não poderia por favor ir destruir outro barco?
-Uh, peço perdão pelo vacilo…
Quando ele deu as costas, saquei minha espada e arranquei sua cabeça, “quando ela acordar isso vai ser uma ótima piada”.
Então de volta ao barco já era de noite (sim, eu tive que nadar pra alcançar o barco), porém não fazia ideia de onde estávamos, então Ame-chan acordou animada: -Bom dia aprendiz!
-Mas está de noite senpai...


++++


Ame-chan


-Como diabos já é noite?
Oh, eu estava tão feliz, encontrando Orihara Izaya em meus sonhos… poderia muito bem continuar dormindo, mas eu acordei. E depois de um bom sonho, é obvio que eu estaria de bom humor…
Bom humor…
Bom humor o quinto dos infernos!
Nós estávamos no meio do nada. Era noite ainda por cima. Sorte que vampiros não atravessavam a água. Pra isso eles precisariam de outro barco, e adivinhem só, não havia o menor sinal de civilização a nossa volta.
-Vic…
-Sim, senpai?
-Posso saber… que diabos você estava pensando quando trouxe a gente nessa direção? -eu questionei, sentindo que fumacinhas começavam a surgir da minha cabeça. Foi com profunda raiva que descobri que meu querido aprendiz estava fritando ovos sobre a minha cabeça.
-Você está pegando fogo, senpai! Agora temos o jantar!
-...
-Você gosta de omelete, senpai?
-Vou ensiná-lo a engoli-lo ainda quente sem precisar mastigar, que tal? -arranquei a frigideira de cima da minha cabeça e bati seu fundo na dele, com cuidado, é claro, pra não desperdiçar comida. Comida no meio do mar é muito importante de se ter.
-A propósito, Ame-chan…
-O que é dessa vez?
-Você ainda não reviveu Cheshire!
-Quem? -perguntei, tentando me lembrar se algum tipo de gato havia morrido pra eu ter que reviver… com um choque de memória - sim, minha memória é terrível - notei que “Cheshire” era o guarda-chuva de pokemon. Enquanto minha imaginação vagava para longe, imaginando o dito guarda-chuva com o sorriso insano do Gato Risonho de Alice no Pais das Maravilhas, me perguntei se sombrinhas de fato tinham nomes…
-Gatos comem morcegos… morcegos comem gatos? Gatos comem guarda-chuvas? Ou são comidos por eles? Seria uma boa experiência…
-A senpai está viajando no mundo da lua de novo. -ouvi meu escravo lindão… digo, meu padauan nem tão lindo assim a me zoar.
-Cale a boca ou matarei Cheshire para sempre!
-Mas você nem reviveu ele pela primeira vez!
-Ah… verdade… desculpe-me. -E estalei meus dedos, fazendo o guarda-chuva em questão surgir no colo dele, perfeitamente concertado. Só faltava miar. E não, o objeto em questão não mia de verdade, a não ser se seu dono puxar seu cabo de mal jeito ou deixá-lo debaixo da chuva por mais do que uma hora.
-Cheshire!
Antes que ele pudesse agarrar o guarda-chuva, peguei-o e atirei longe, como se fosse um belo dardo. E podia jurar que tinha ouvido-o miar longamente com isso… mal virei para observar meu aprendiz, já o via se debulhando em lágrimas e querendo se jogar do bote, estendendo os braços para agarrar o guarda-chuva.
-Che...Cheshire! Eu não te deixarei! Essa megera sentirá sua vingança.
-Assim como das outras 459 vezes…? -Revirei os olhos, agarrando-o pelo colarinho e puxando-o pra dentro outra vez, descendo-lhe um cascudo no topo da cabeça. -Pare de choramingar… tá aqui o guarda-chuva…
É claro, eu devolvi Cheshire pra ele, ou ia ficar me infernizando até minha próxima reencarnação. E como sou uma pessoa muito nova e tenho muito tempo para viver, isso seria muito irritante.
Agora chegava a parte mais importante. A mais essencial. A melhor parte dessa minha narração. Afinal, finalmente nós chegamos...Em lugar nenhum. Na verdade, é no Acre, mas a diferença é mínima.
Por que você não se teletransporta pra lá, Ame-chan?
Ora, essa! Porque não vou ficar gastando energia a toa, e eu teria que carregar o troço comigo - lê-se meu servo/escravo/aprendiz infeliz. Bom, não tão infeliz assim, já que devolvi o guarda-chuva-do-pokemon-com-sorriso-louco para ele.
Ai vocês vão me perguntar “como diabos vocês chegaram lá”?
Ai é fácil… nós fomos engolidos por um lugarzinho muito agradável chamado Triângulo das Bermudas. Não discutam comigo. Não é pra fazer sentido essa bagaça!
Pois bem… depois de começarmos a ser sugados por um redemoinho muito estranho e bipolar, fomos cuspidos em direção ao céu. Atenta como eu estava - afinal, eu havia dopado nossos cafés antes de sairmos de casa - tive tempo de agarrar Vic no ar e endireitá-lo para que pudéssemos cair de um jeito menos estúpido no matagal que se formava abaixo de nós.
De fato, meu aprendiz parece ter aprendido realmente alguma coisa comigo - o que é um milagre, vocês não tem ideia de como - e conseguiu descer até o solo sem sofrer muitos danos, usando as árvores para aparar sua queda. Em compensação eu, que acabei me distraindo olhando para a lua incrivelmente cheia e gigante, cai direto e acabei de cara no chão…

É nesses momentos que fico muito feliz por ter um corpo resistente…

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